No caminho da busca constante pelo autoconhecimento às vezes surgem algumas questões que parecem simples, mas são permeadas de uma grande complexidade. Somente quando nos dispomos a compreender como um todo o processo que estamos vivenciando é que podemos agir diante dos nossos questionamentos para solucioná-los.
As minhas leituras sobre minimalismo têm me tornado, a cada dia, uma pessoa mais equilibrada, tanto no sentido material quanto no sentimental. Colocar em prática o minimalismo é ser capaz de valorizar aquilo que realmente importa para você. É aprender a deixar de lado o que nada acrescenta para abrir espaço ao que é essencial.
Um dos questionamentos que apareceu de forma muito evidente foi relacionado ao meu estilo pessoal. Se o nosso estilo é a forma como nos apresentamos para nós mesmos e para o mundo, o que estamos transmitindo? Nunca havia pensado no assunto de forma tão aprofundada, mas quando comecei a refletir, percebi que uma das únicas coisas que ainda não havia buscado conhecer nesse processo era o meu exterior. Ele é parte de mim e não deixa de ser importante, apesar da ênfase que busco dar ao meu interior. Portanto, não há separação. Quando começamos uma transformação interna profunda, ela inevitavelmente se exterioriza.
Após muitas reflexões - que me atordoaram por dias! - utilizei os preceitos do minimalismo para me auxiliar nesses questionamentos. Percebi, então, que meu exterior era estranho a mim, talvez porque antes nunca questionei efetivamente a seu respeito. Por muitas vezes vivemos "no escuro" e não nos damos conta; apenas quando começamos a vivenciar o processo de autoconhecimento percebemos que ele atinge todos os aspectos do nosso ser. Abrir o meu guarda roupas e perceber que não me identifico com grande parte das peças que ali estão me mostrou o quanto vivi sem me conhecer realmente e o quanto tenho desenvolvido a minha capacidade de me conscientizar em relação a tudo o que me diz respeito.
Após dias de intensos questionamentos e de muito tempo sem fazer isso, decidi ir às compras. E, talvez, pela primeira vez, tenha conseguido comprar somente aquilo que realmente me identifiquei. Cheguei em casa feliz e satisfeita, porque diante de tantas "tentações" busquei apenas o que me era necessário e útil; aquilo que realmente me agradava.
Consegui, assim, colocar em prática, mais uma vez, o minimalismo. Me renovando interior e exteriormente, me desfaço do que não faz parte de mim, deixando vir o que me complementa e acrescenta.
Depois de vivenciar esse processo que mesmo curto se fez tão longo dentro de mim, sinto que estou cada vez mais próxima de me conhecer integralmente. Decerto não devemos dar maior valor às coisas exteriores, mas não podemos desconsiderar que o exterior faz parte de nós. Por isso, com equilíbrio, podemos nos conhecer melhor e modificar o que nos incomoda sem descartar o material de forma radical, porque ele também exerce profunda influência sobre nós, mas valorizando-o na medida certa. É importante minimalizar a sua influência que ocorre a todo momento para nos tornarmos aliados e não dependentes do que nos é externo.
Me vestir da forma como me sinto bem e confortável comigo mesma, ao contrário de me prejudicar, me indicou outros caminhos para o autoconhecimento que ainda não haviam sido desbravados. Refletindo e agindo com equilíbrio podemos ser quem realmente somos e buscamos ser, independentemente dos padrões sociais, podendo, dessa forma, nos inserir no mundo de forma efetivamente autêntica.